De onde vem o bruto
Vem o doce
E vem o louco,
O gênio,
Os poetas.
O mundo é uma reta maleável
Cheio de possibilidades,
Até o improvável é possível.
Todos saem do mesmo lugar,
Do mar negro,
Todos emergem do mar negro,
Do vazio profundo,
Todos vêm do preto,
Do nada,
Da falta de tudo
E se perdem
Dentro de suas próprias cabeças.
É isso
As possibilidades do mundo,
É o possível
Pra toda cabeça
E as cabeças podem tanto...
Todo mundo vêm do mesmo lugar
E suas cabeças os fazem.
A minha cabeça,
A tua cabeça
Fez a mim, a nós, o mundo.
A minha cabeça
Faz a tua,
A tua faz a minha,
A minha faz a minha,
A tua faz a tua
Nós nos fazemos.
Os espertos
Vivem a partir da sua cabeça
Mergulham
No tudo
Que ela pode criar
E vão e vão e vão...
E os bobos
Os bananas
Os mamões
Salada completa dos caretas,
Eles vivem a partir do
“lado de fora”
De fora pra dentro
(Quando muito!).
Eles demoram muito pra chegar perto do real,
Demoram muito
Pra encontrarem suas vidas,
E talvez nem encontrem,
Morrem sem saber.
Os caretas
Morrem de graça.
A morte tem é raiva
De levar essas cabeças
Por que é um grande tédio
Eles nunca sabem,
Não vão saber,
Não vão perceber onde entraram.
Mas quando ela tem que levar
Uma cabeça esperta
Ela dá um sorriso malandro
Porque ela sabe que vai ter boa companhia,
Sabe que vai andar bem acompanhada.
A morte
Vive
na cabeça.