sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fêmea e Macho

Henri de Toulouse Lautrec

É duro acreditar
Na simplicidade dos homens.
É cruel
Às vezes.

Um dia, eu disse:
- Não quero ser assim!
Quero continuar acreditando na sutileza do amor.

O que vem a confortar
A alma dessas mulheres apaixonadas
É o fato de saber
Que é da vida, é do viver.
E a vida Ao se mostrar de frente
Dá um sorriso sutil,
Dizendo à mulher:
- Eu bem que quis te mostrar...

Daí entende- se:
É da vida,
É do viver
As complicações,
Ilusões,
A paixão...

A Vida é uma fêmea,
O Viver é macho.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Polígono

Cena do filme Tempos Modernos

Um poeta falou que um poeta fala do presente
Embora por meio do passado,
Embora que se use o futuro.

Quando as correntes da certeza serão dissipadas?
Até quando todos os meus irmãos comerão o que é jogado?
Por quanto tempo mais vamos esconder a nossa liberdade?
Essa mesma liberdade
Que só o recém-nascido toca de verdade.
Por que não vivemos, simplesmente?

Essa vida tem um formato,
Essa vida tem um formato, embora bem remoto
Difícil de enxergar.
Essa vida é um polígono viril!
Cada vértice é um cadeado.
O trabalho pra ganhar dinheiro,
O dinheiro pra comprar,
A compra pra comer,
E comer pra trabalhar.

E quando pensa que é livre
Sai, vai a uma festa
Dança bastante, bebe.
E se gasta dinheiro na festa
E o trabalho ta lá na festa.

Esse é o polígono.

Tanta fé vã, meu Deus!
Tantos valores inventados.

Sexo
som
gosto
sensação
pensamento...
Isso é a vida crua/nua.
A gente devia entender que ela é uma reta
(infinitos pontos)
E não esse polígono miserável
Tão limitado.

Se fizer errado(Não do jeito que mandam): Vai ser demitido!
Se gastar mal (Não do jeito que quer): Vai ficar no sufoco!
Se comer demais (Não como desejas): Vai ficar gordo!
Obedeça!
Obedeça!
Obedeça!
Se encaixe na forma
E saia da reta.

- Eis a vida de um perfeito cidadão!
(Disse meu irmão)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Visão

À Mário Quintana

Olhando braços de pessoas
Olhando o céu
Olhando o formato de um chapéu
Surpreendendo-me com o movimento das pernas.

Como ensinaram?
Como fizeram?
Quem teve a idéia?

Olhando invenções
A tela do computador
Olhando a cor
Como tudo se criou?

Seria loucura, a visão?
Ou loucura seria não ver?

Às vezes me pego olhando o mundo...
Olhando de outro planeta
(outra cabeça).

domingo, 23 de janeiro de 2011

A Festa

Cena do Filme A vida é Bela


No começo da tarde eles se falaram, quando enfim, ela perguntou:"ainda chateado comigo, pai?"
E ele respondeu:"não..."
Daí eles se comunicaram normalmente, ele puxando assuntos(os mais bestas que se possam imaginar) pra conversar com a ela que se esforçava pra ser atenciosa.
Então ele atrapalhou o que ela estava fazendo, ele atrapalhou...
Mas antes disso propôs um programa para os dois: "vamos cantar!"
A filha concordou sem titubear, ela queria aquele contato, porém depois do pai atrapalha-la ela se trancou em seu quarto. Dera fim ao contato; cortou o fio que talvez os unissem, quem sabe.
E ao sair do quarto um segundinho, a procura de uma toalha limpa, deparou-se com o aparelho, o aparelho que eles cantariam, o microfone, os discos, tudo organizado, o fio do microfone muito bem desenrolado, sem dar uma dobra se quer, e as caixinhas dos discos que ele escolheu, numa pilha feito pirâmide toda organizada: estava tudo pronto pra festa! Mas ela dera fim. A festa estava toda arrumada, mas a convidada dispensara seu anfitrião. E ao se deparar com o aparelho, o fio, os discos, toda aquela produção, uma produção como quem espera um importantíssimo convidado; olhando aquela singela produção ela quase chorou: Os pais sempre esperam.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Facetas



Posso ter várias facetas

E se assim for preciso:

a amante,

a moça,

a puta

a namoradinha

a aquela...


Sendo eu só

Perto assim de você

É fácil

Virar bicho e anjo

Ao mesmo tempo

Bem no fundo

Do multicor

Desses olhos tão negros

Me deparo com diversas facetas

Minhas...

E que você guardava.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Coração de menino

Angus Young (Guitarrista do AC/DC)


Vendo-o brincar
Tantas estratégias
Tantos mundos diferentes
A serem conquistados.
Uma Graça
Tentando enrolar a mãe
Pra ficar um pouco mais.
O coração do menino
Pula com um brilho incomum.

E quando a garota passa
Ele se faz
Só pra ela ver
E o coração brilha ainda mais.

Ouvindo um som
Que o amigo mostrou
Inventam novas maneiras
de se divertir
Novas maneiras de aludir
A razão e a fantasia.
Eles só querem se sentir bem.

E a música rolando
O volume bem alto
Pra cantar na mesma altura
Da voz do seu coração.
E a guitarra voadora
,
A bateria invisível,
O violão de vassoura
Fazem parte da sua banda
Cuja performance é a mais verdadeira
Quando canta assim de bobeira
E o coração do menino pega fogo.

E quando o menino cresce
E por tantas razões
O coração fenece,
Ele se volta para as coisas
Mais burocráticas e sem graça
Que os homens inventaram.

Mas quando os olhos
Penetram por dentre a alma feminina
(coração de menino tem essa proeza)
Aquele espírito pula e dança
E com seu coração criança
Ele descobre
A divindade da fêmea,
E seu coração multicor.

Tem meninos que procuram
Essas cores
Eles querem vê-las, admira-las, senti-las
Eles procuram
Em diversos olhares,
Diversos lugares,
Diversas sensações...

Tem menino que pára logo
A busca é cansável e interminável
Porém, prazerosa
Mas a maioria pára.

Outros não voltam nunca mais
É quando eles decidem
Não deixar o menino ir embora
Pro coração pegar fogo
Pro coração pegar fogo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pais

A Família Addams


Me parecem

dois seres...

em desencontro

encontrado

na perdição da família.


Porém quando

O macho atende o telefone

E passa pra fêmea

Em meio ao sono...

O que dividem?

Dividem

Algo de dentro

da alma

(talvez).


E do que fui

Ou pelo menos

Passei a ser

É graça

A essa

Comunhão

Desordenada

Que hoje decifra


A alma errante

E poética

Que sou

Para todo o sempre,

E como diz a fêmea

(que é minha mãe):

Amém!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Da Gravidade sob os invejosos

Henri de Toulouse-Lautrec


O pior espírito da inveja

É o espírito consciente.


O espírito que sabe,

Que entende o que é ser invejoso,

E esse espírito padece conscientemente.

E o peso que mais lhe pesa o ombro

É esse.

Carregar toda a consciência

do não feito,

do desejado e não atingido.

Pena é que esse espírito consciente

É extremamente poético

E sofre por isso

Cai como um ser de uma perna só

que almeja correr

pois acha lindo os seres de duas pernas correrem.

E sabe ainda mais,

Sabe que não correrá

Pois seu espírito

Tem apenas uma perna.

Só!


Os invejosos conscientes sofrem mais,

E o seu sofrimento abala os nervos

e o seu estômago.


E ele sofre conscientemente

Por entender dessa ciência.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Meio a Meio

Cena do Filme Fight Club

O que são pessoas?
O que são mentiras?

Existem duas divisões
a divisão que une pela compaixão
E a divisão que devasta
uma parte do coração
Essa divisão que não divide
E não deixa inteira.

O que são pessoas?
O que são mentiras?

Na verdade eu tento entender
Tento saber, tenho conhecer
Tento...
Mas quanto mais eu tento, mais eu conheço
e mais eu me perco
Nessa imensidão.

O que me salva?
Quem me salva?
Uma pessoa?
Uma mentira?

Nem tudo é de todo bom
Nem tudo é de todo ruim
(pessoas e mentiras).

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Para bobos e fodas

Van Gogh

À Charles Bukowski

Por mais foda
que se seja
sempre tem alguém
que se queira impressionar.

E você fica bobo
Por isso.

Mas você só enxerga depois
E se promete mais uma vez
que isso não se repetirá
Mas se repete....

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Na mesa

(cena do curta MESA DE BAR)


Porque a vida
nos reserva
Somente
isso:

Uma emoção
Profunda,
no fundo do peito,
que canta
baixinho...
um oboé solitário.

Vive-la
É a grande sacada.
É a emoção
É o sentimento
e todos...
os bares,
e todas
as sensações
Profundas
São sentimentos
que só o coração traduz.

Sem mais
Só o coração traduz.