quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Polígono

Cena do filme Tempos Modernos

Um poeta falou que um poeta fala do presente
Embora por meio do passado,
Embora que se use o futuro.

Quando as correntes da certeza serão dissipadas?
Até quando todos os meus irmãos comerão o que é jogado?
Por quanto tempo mais vamos esconder a nossa liberdade?
Essa mesma liberdade
Que só o recém-nascido toca de verdade.
Por que não vivemos, simplesmente?

Essa vida tem um formato,
Essa vida tem um formato, embora bem remoto
Difícil de enxergar.
Essa vida é um polígono viril!
Cada vértice é um cadeado.
O trabalho pra ganhar dinheiro,
O dinheiro pra comprar,
A compra pra comer,
E comer pra trabalhar.

E quando pensa que é livre
Sai, vai a uma festa
Dança bastante, bebe.
E se gasta dinheiro na festa
E o trabalho ta lá na festa.

Esse é o polígono.

Tanta fé vã, meu Deus!
Tantos valores inventados.

Sexo
som
gosto
sensação
pensamento...
Isso é a vida crua/nua.
A gente devia entender que ela é uma reta
(infinitos pontos)
E não esse polígono miserável
Tão limitado.

Se fizer errado(Não do jeito que mandam): Vai ser demitido!
Se gastar mal (Não do jeito que quer): Vai ficar no sufoco!
Se comer demais (Não como desejas): Vai ficar gordo!
Obedeça!
Obedeça!
Obedeça!
Se encaixe na forma
E saia da reta.

- Eis a vida de um perfeito cidadão!
(Disse meu irmão)

2 comentários:

  1. de quem é a autoria do texto ?

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  2. Todos os textos publicados neste blog são de minha autoria (Pequena Dolores).

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